A pandemia trouxe à tona o quanto as mulheres precisam ainda lutar para ter os mesmos direitos e oportunidades na sociedade
O Dia Internacional da Mulher é comemorado em todo o mundo em 8 de março e surgiu de reinvindicações de mulheres por melhores condições de vida e trabalho em meados do século XIX. Ainda hoje a data simboliza a luta das mulheres não apenas contra a desigualdade salarial, mas também contra o machismo, a violência, o acesso ao emprego e renda com equidade.
A pandemia agravou ainda mais
as diferenças e dificuldades já vividas pelas mulheres. Elas têm sido especialmente afetadas em diversas áreas, como
emprego e violência doméstica. Por exemplo: os principais setores afetados pela
pandemia, como hotelaria, alimentação e serviços domésticos têm a mulher como
principal força de trabalho. Elas também possuem uma taxa de informalidade
relativamente superior aos homens; de acordo com a Cepal (Comissão Econômica
para a América Latina e o Caribe) 11,4% das mulheres latino-americanas se
dedicam ao trabalho doméstico remunerado, sendo que 77,5% dessas trabalhadoras
são informais.
A paralisação das aulas presenciais provocou
um grande aumento na demanda de trabalho voltado ao cuidado. São milhões de
crianças dentro de casa desde março de 2020 e que geraram uma imensa sobrecarga
de trabalho para as mulheres, que culturalmente são as responsáveis por cuidar
dos filhos e da família. Neste contexto, ficou difícil para muitas manterem
seus empregos.
O Brasil é o
quinto país do mundo quando o assunto é violência doméstica e os números também
aumentaram muito durante o isolamento social imposto pela pandemia. De acordo
com dados da ONU Mulheres divulgados no fim de setembro de 2020, o confinamento
levou a aumentos das denúncias ou ligações para as autoridades por violência
doméstica de 30% no Chipre, 33% em Singapura, 30% na França e 25% na Argentina.
A quantidade de denúncias de violência contra a mulher recebidas no canal 180 no
Brasil deu um salto: cresceu quase 40% em relação ao mesmo mês de 2019, segundo
dados do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMDH). A casa
é o local mais perigoso para as mulheres em muitos países do mundo.
A assistente social da APAM - Associação Paulista de Amparo à Mulher, Érica
Guedes da Cruz conta que recebeu inúmeras ligações, durante a pandemia, de
mulheres relatando violência física. “O número cresceu muito durante o
distanciamento social. A necessidade de maior convívio dentro de casa revelou
números assustadores. Ajudar a resolver esse problema é de responsabilidade de
toda a sociedade e isso passa pela educação e conscientização das mulheres
sobre seus direitos. Trabalhamos muito aqui na APAM para que o Dia
Internacional da Mulher seja uma data para ser comemorada de fato, com dados e números
que revelam avanço e melhorias nesta triste realidade. Sei que já trilhamos uma
longa jornada e conquistamos muitos direitos, mas essa ainda é uma longa
caminhada”, explicou ela que atua há 07 anos na APAM e acompanha de perto a
luta das mulheres pela dignidade.
Em caso de
violência, a mulher pode buscar ajuda em diversos canais a distância, como por
exemplo, pela Ouvidoria das Mulheres pelo telefone/WhatsApp (61) 3315-9476 e o e-mail
ouvidoriadasmulheres@cnmp.mp.br ou o DISQUE 180. Os casos podem ser
levados pessoalmente à Delegacia da Mulher mais próxima. O Ministério Público e
Poder Judiciário também estão com atendimento prioritário para os casos de
violência doméstica. A informação é uma ferramenta poderosa contra a violência.
Mulheres, use-a a seu favor!
A APAM deseja
à todas as mulheres um Dia Internacional da Mulher com respeito, equidade e
dignidade!
[Texto:
Luciana Alves]
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