A frase da professora e ativista norte americana Ângela Davis mostra como ainda temos um longo caminho a percorrer sobre o racismo. 21 de março, quando se comemora o Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial, é um bom momento para esta reflexão
Em 1960 a ONU, Organização das Nações Unidas, instituiu 21 de março como Dia
Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial, em
referência ao Massacre de Sharpeville, ocorrido em Joanesburgo, na África do Sul. Naquele ano, cerca de 20.000 pessoas faziam um protesto contra a Lei do
Passe, que obrigava a população negra a portar um cartão que continha os locais
onde era permitida sua circulação. Mas, mesmo sendo uma manifestação pacífica,
a polícia do regime de apartheid abriu fogo sobre a multidão desarmada resultando em 69 mortos e 186
feridos.
É certo que de lá para cá o apartheid deixou de existir na África do
Sul e Nelson Mandela, um dos grandes defensores dos direitos da população negra,
foi até presidente do País. Mas o racismo ainda vive lá e em muitos países e
encontra, muitas vezes, na internet e nas ruas um campo fértil de discriminação,
mas também de manifestações contrárias
Prova disso é o movimento Black Lives Matter, ou em português Vidas
Negras Importam, ocorrido em plena pandemia, com manifestações em várias partes
do mundo, depois do assassinato do negro George Floyd por um policial branco americano.
As cenas foram gravadas e divulgadas na internet. A brutalidade do fato levou
pessoas às ruas em várias partes dos EUA e também em outros países. No Brasil
também o assassinato de um homem negro por seguranças de um grande supermercado
em Porto Alegre, no dia da Consciência Negra, provocou mobilizações e grande
repercussão na mídia.
Os fatos mostram que a discussão é ao mesmo tempo tão antiga e tão atual e
precisa estar nas famílias, nas escolas, na internet e na sociedade como
um todo. A discussão sobre a discriminação racial passa pela educação e
conscientização do grande déficit que temos com os negros. Vale lembrar que no
Brasil, o racismo é crime com pena de reclusão de dois a cinco anos e
multa aos responsáveis por crimes de discriminação, inclusive pela internet.
Uma boa dica para dar o start
a esta conscientização necessária é fazer uma visita ao Museu Afro Brasil,
dentro do Parque Ibirapuera, na capital paulista. É um museu histórico, artístico e
etnológico, voltado à pesquisa, conservação e exposição de objetos relacionados
ao universo cultural do negro no Brasil. Uma volta atenta por lá deixa claro o
quanto precisamos trabalhar para eliminar o “câncer do racismo” da nossa
sociedade. Acesse o site http://www.museuafrobrasil.org.br/ e planeje uma
visita para, assim que possível, conhecer um pouco desta história.
Para finalizar esta
reflexão, a irmã Helena Rocha Orientadora Socioeducativa da APAM,
destaca a letra da música Negrão Nega, da cantora Elza Soares, uma defensora
dos direitos e da luta contra a discriminação racial. Ao comemorar seus 90
anos, a cantora lançou música e clip, em parceria com Flávio Renegado.
Negão Negra mostra como o racismo estrutural existe. Ela reforçou em
algumas entrevistas a importância de combater o racismo estrutural “O negro tem
uma força, que eu não sei de onde vem, mas que ela sempre aparece”, comentou
Elza em entrevistas para alguns sites. O clipe da música é um verdadeiro manifesto
antirracista e traz imagens de protestos contra a discriminação e lembra os
nomes de Marielle Franco, George Floyd e João Pedro Mattos, com a frase: “Em
memória aos que perderam suas vidas para o racismo”. O começo da música deixa
claro esse grito de protesto!
“Nunca foi fácil e nunca será
Para o povo preto do preconceito se libertar
Sempre foi luta, sempre foi porrada
Contra o racismo estrutural, barra pesada”
Por Luciana Alves,
jornalista voluntária da APAM
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