Dia
de se unir contra a violência de gênero
Números
revelam o grande preconceito e ignorância que geram violência contra a mulher;
o maior agressor, na maioria das vezes, está dentro de casa
É verdade que as mulheres brasileiras
caminharam muito nos últimos anos no sentido de conquistar seu espaço e
respeito, tanto na vida pessoal como na profissional, mas também é verdade que
ainda há muito a fazer e a caminhada é longa. A data de hoje é prova disso. Quando
não for mais necessário ter um dia internacional para debater sobre a eliminação da violência contra a mulher,
aí sim teremos conquistado a tão sonhada equidade de gênero.
Mas enquanto esse dia não chega, trabalhar e refletir sobre como este
tema da violência contra a mulher atinge toda a sociedade é muito importante
para mudar esta realidade no Brasil e no mundo.
A ONU define a violência contra a
mulher desta forma: “Trata-se de um
problema social presente tanto no âmbito doméstico quanto no público em
diferentes vertentes: física, sexual, psicológica, econômica, cultural, etc e
afetam as mulheres desde o nascimento até a idade avançada. Não está confinada
a uma cultura, região ou país específico, nem a grupos particulares de mulheres
na sociedade”.
Hoje,
25 de novembro, Dia
Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher, que tal parar um
pouco para refletir sobre este câncer que atinge nossa sociedade, nossas
comunidades, nossas famílias. Sim, pois a maior parte da violência contra as
mulheres ainda acontece nas famílias. As estatísticas são alarmantes. De acordo
com o Instituto Patrícia Galvão, no Brasil, a cada 2 minutos uma mulher
registra agressão sob a Lei Maria da Penha. Três mulheres são vítimas de
feminicídio a cada dia e uma mulher é vítima de estupro a cada 9 minutos. No
estado do Rio de Janeiro de cada dez estupros registrados no estado em 2018,
sete foram praticados em casa.
O relatório Retratos da Violência – Cinco meses de
monitoramento, análises e descobertas traz dados e artigos inéditos
em cinco estados – Bahia, Ceará, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo. “Entre
os 518 casos de violência contra mulheres analisados, 39% foram
classificados como feminicídios; 42% como tentativas de feminicídios ou
agressões físicas e 15% como agressões sexuais (incluindo estupros)”,
revela o relatório. Os números assustam e mostram que a família é a grande agressora
e também vítima nestas estatísticas e por isso é preciso trabalhar para apoiar
as mulheres.
Apoio para elas
Mas muito antes de instituir uma
data para refletir sobre toda esta violência que afeta mulheres de todas as
classes, idades, raças, religiões e nacionalidade, surgia uma instituição com o
objetivo de fortalecer as mulheres. No dia 25 de novembro de 1953 nascia a
APAM, Associação Paulista de Amparo à Mulher que hoje comemora 66 anos de
atuação. No início o foco era acolher mulheres em situação de prostituição e desamparo familiar,
alguns anos depois, tornou-se Casa de Acolhida para jovens gestantes e com o
passar dos anos focou seus esforços no atendimento das mulheres que se
encontram em alguma situação de vulnerabilidade.
O trabalho desenvolvido na APAM favorece a autonomia e
possibilita o efetivo protagonismo da mulher na sociedade, respeitando as
diversidades e de forma inteiramente gratuita. Irmã Helena da Silva Rocha,
responsável pela APAM, explica que o objetivo do trabalho da entidade é
prevenir. “Nosso objetivo é trabalhar a autonomia no sentido da prevenção. Não diretamente
a vítima de violência doméstica”, explica. E isso é feito através de
acolhimento e capacitação das mulheres em situação de vulnerabilidade. Através do CeCim, Centro de Cidadania da
Mulher – a APAM presta atendimento, acompanhamento, orientação, encaminhamento,
convívio e participação social das mulheres que procuram a associação e também familiares.
Oferece cursos gratuitos como costura, iniciação ao mundo digital, fotografia, artesanato,
cuidadora de idosos, o principal deles, entre outros cursos, para ajudar na
geração de renda.
Como surgiu a data
No dia 25
de novembro de 1960 na República Dominicana foram assassinadas três irmãs ativistas políticas,
conhecidas como irmãs Mirabal. O assassinato aconteceu por
ordem do ditador dominicano Rafael Leónidas Trujillo. Em 1981
celebrou-se em Bogotá, Colômbia, o
Primeiro Encontro Feminista Latinoamericano e do Caribe, onde se decidiu marcar
o dia 25 de novembro como Dia Internacional da não Violência contra as
Mulheres, em memória das irmãs Mirabal.
Acesse o
infográfico e veja os dados alarmantes de violência contra as mulheres:
[Texto de
Luciana Alves]
Nenhum comentário:
Postar um comentário