Um crime invisível que precisa ser combatido

 

 “O tráfico humano é isso, um crime invisível que produz uma carga de sofrimento tão grande e que, no entanto, pouco se consegue fazer para solucionar.”

A frase é de Glória Perez, autora da novela ‘Salve Jorge’, novela que retratou o cotidiano de mulheres traficadas para serem exploradas sexualmente, exibida em 2012 durante o horário nobre da Rede Globo. Para além da ficção, a trama foi inspirada em histórias reais de mulheres que sentiram na pele esse sofrimento, pois mesmo sendo pouco falado, é um crime muito recorrente.

No mundo, o tráfico internacional de pessoas é a terceira atividade ilegal mais lucrativa, movimentando cerca de 32 bilhões de dólares por ano, e fica atrás somente do tráfico de drogas e armas. Mulheres e meninas continuam sendo o maior alvo do crime, e exploração sexual é a principal motivação para o tráfico de mulheres, que muitas vezes são enganadas a saírem de seus países com a promessa de empregos com salários maiores. Segundo a Organização das Nações Unidas, entre outras formas de tráfico de pessoas, estão: meninas forçadas ao casamento, crianças para adoção ilegal, remoção de órgãos e trabalho análogo a escravidão.

O Relatório Global sobre Tráfico de pessoas divulgado em 2019 pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) mostra um número recorde de casos detectados em 2016. Apesar das melhorias na capacidade de monitoração dos casos por parte das autoridades, a impunidade ainda é alta nas regiões onde não existem grande número de relatos, o que pode servir de incentivo para que mais casos continuem acontecendo.

No Brasil, em 2018, a cada 4 dias o país registrou um novo caso de tráfico de pessoas, segundo o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Entre as vítimas, 53,1% são mulheres. O assunto ainda é ligeiramente negligenciado no país, uma vez que não existem ações governamentais de estratégia nacional para a proteção de crianças e mulheres nas fronteiras.

O Dia Internacional Contra Exploração Sexual e Tráfico de Mulheres e Crianças vem alertar sobre a importância do combate a esse crime invisível, porém muito presente na sociedade. É necessário combater os mitos em torno do assunto, e reivindicar uma legislação mais eficaz para proteger as vítimas e punir os responsáveis pelo crime. Através do Disque 100, serviço dos Direitos Humanos, é possível denunciar anonimamente qualquer caso de tráfico ou violência contra mulheres e crianças e contribuir para o combate a esse crime cruel, que coloca milhares de vidas em risco todos os anos.

[Texto Mariana Alves]

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