Ela só
queria ter autonomia para fazer pequenos reparos em suas próprias roupas, mas
acabou virando uma costureira de mão cheia. Ivanete Barros de Oliveira, 51
anos, já tinha trabalhado anos como doméstica e se sustentava com bolos, doces
e salgados de encomenda quando chegou na APAM, há seis anos, em busca de um
curso de costura. Logo depois comprou sua primeira máquina, de segunda mão. “As
pessoas logo descobriram que eu estava costurando e começaram a me pedir
encomendas”, recorda. O que era para ser algo caseiro, virou profissão. “Bolo
hoje todo mundo faz, é só ver no youtube. Costura, não. É bem mais difícil”.
As
encomendas vieram em boa hora: Ivanete estava se separando e tinha dois filhos
para sustentar. “Quero aprender mais, sou movida por desafios: outro dia
comprei uma calça jeans número 50 e transformei em um vestido para mim”, conta,
orgulhosa, e já emenda outra história: “Um vizinho que tem filho deficiente
deixou de receber fraldas do governo e ficou desesperado. Eu fui lá e criei uma
calça plástica para ele.” Ivanete mora em Itapevi, na Grande São Paulo, e vai ao menos uma vez por semana na APAM (que fica na
Barra Funda). Além de dar aulas, também é voluntária em feiras e eventos
da Associação.
“Me sinto
realizada: vim do zero, aprendi e agora estou repassando. Eu não sabia pregar
um zíper! E hoje vejo as minhas alunas saindo craque em zíper. De tudo isso, no
entanto, o que mais prezo aqui é a amizade. Não tem dinheiro que pague. Se você
tem um problema em casa, quando pega o destino da APAM ele já fica para trás e,
depois, você até esquece que ele tava ali”. Nada mal para a menina de 13 anos
que saiu da Bahia em busca de uma vida melhor em São Paulo.
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